Explosões de raios gama são raras. Elas ocorrem no máximo a cada 10 mil anos e pelo menos uma vez em um milhão de anos em uma galáxia. [Imagem: NASA/Swift/Mary Pat Hrybyk-Keith/John Jones]
Fusão cósmica
Em 2012, pesquisadores encontraram indícios de que o nosso planeta foi atingido por uma súbita onda de radiação durante a Idade Média, mas ainda não havia clareza sobre que tipo de evento cósmico pudesse ter sido sua causa.
Agora, um estudo sugere que a explosão teria sido resultado da fusão de dois buracos negros ou de duas estrelas de nêutrons em nossa galáxia.
Carbono-14 e berílio-10
No ano passado, uma equipe de pesquisadores constatou a presença em nível incomum de um tipo de carbono radioativo - conhecido como carbono-14 - em algumas antigas árvores de cedro-do-japão.
Na Antártida, também, houve um aumento nos níveis de uma forma de berílio - berílio-10 - no gelo.
Os isótopos encontrados são criados quando uma radiação intensa atinge os átomos na atmosfera superior da Terra, o que sugere que uma explosão de energia havia atingido o nosso planeta.
A possibilidade de uma supernova - explosão de uma estrela - foi considerada, mas descartada em seguida porque os rastros de um evento como esse ainda seriam visíveis hoje por telescópio.
Outra equipe de físicos norte-americanos recentemente publicou um artigo sugerindo que uma explosão solar extraordinariamente grande poderia ter causado a emissão de energia.
No entanto, outros membros da comunidade científica acharam pouco provável que explosões solares fossem capazes de gerar os níveis de carbono 14 e berílio-10 encontrados nas árvores e no gelo.
Onda de radiação
Agora, pesquisadores alemães ofereceram outra explicação: uma enorme explosão que teria ocorrido dentro da Via Láctea.
Estas emissões enormes de energia ocorrem quando os buracos negros, estrelas de nêutrons ou anãs brancas (estrelas na fase final de suas vidas, prestes a explodir) colidem - as fusões galácticas levam apenas alguns segundos, mas emite uma vasta onda de radiação.
"Explosões de raios gama são eventos muito, muito explosivos e energéticos. Então usamos a quantidade de energia encontrada (na Terra) para estimar a distância do evento." disse Neuhauser. "Nossa conclusão foi de que era de 3.000 a 12.000 anos-luz de distância - e isso está dentro de nossa galáxia."
Explosão invisível
Embora o evento soe dramático, nossos antepassados medievais podem mal tê-lo notado.
Uma explosão de raios gama ocorrida nesta distância teria sido absorvida pela atmosfera terrestre, deixando apenas um traço nos isótopos que eventualmente passaram pelo filtro da atmosfera e chegaram às árvores e ao gelo.
Os pesquisadores acreditam que não tenha sido emitida qualquer luz visível.
Observações do espaço sugerem que explosões de raios gama são raras. Elas ocorrem no máximo a cada 10 mil anos e pelo menos uma vez em um milhão de anos em uma galáxia.
O professor Neuhauser disse ser improvável que o planeta Terra fosse atingido por outro fenômeno do tipo, mas, caso isso ocorra, deverá ter mais impacto.
Se uma explosão cósmica ocorrer na mesma distância que o evento do século 8, ela poderia inutilizar os satélites artificiais. Se ocorrer ainda mais perto - a apenas algumas centenas de anos-luz de distância - ela poderia destruir a camada de ozônio, com efeitos devastadores para a vida na Terra.
No entanto, esta hipótese, disse o professor Neuhauser, é "extremamente improvável".
Fonte: Inovação Tecnológica
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