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Você sabia que é quase impossível morrer afogado no Mar Morto? E que é mais difícil se afogar em água salgada do que em água doce? Listamos 10 coisas que você não sabe sobre afogamentos
Muitas pessoas têm verdadeira fobia de água, têm pavor de se imaginar em alto-mar ou até mesmo em um rio raso. Mas saiba que afogamento é mesmo coisa muito séria: o pulmão grita por oxigênio e o desespero de não conseguir respirar é imenso. Só quem já passou por isso é que pode descrever o quanto tudo isso é apavorante.
Afogamentos matam centenas de milhares de pessoas todos os anos e esse número atinge principalmente as crianças. Os países pobres estão mais sujeitos a esse tipo de morte. Em Bangladesh, por exemplo, 17 mil crianças morrem afogadas anualmente. Conheça 10 fatos sobre afogamento que podem surpreender você.
Um lago onde as vítimas nunca são encontradas
O Lago Tahoe se encontra encontra nas montanhas de Sierra Nevada, entre a Califórnia e Nevada, pode ser um paraíso para banhistas, barqueiros e esquiadores aquáticos. Ele é lindo e profundo, mas esconde um segredo terrível: um verdadeiro cemitério debaixo d’água. Todas as pessoas que se afogam nele, nunca mais são encontradas.
Todo mundo sabe que, depois que a vítima morre debaixo d’água, o pulmão se enche de água, os gases se acumulam e ela volta à superfície. Porém, o Lago Tahoe é tão frio que inibe as bactérias (responsáveis por provocar o acúmulo de gases), e o cadáver raramente sobe à superfície. Dessa forma, os falecidos nunca são encontrados.
Em 2011, mergulhadores com equipamentos especiais encontraram o corpo de Donald Windecker que havia desaparecido em 1995. Ele foi encontrado debaixo da água fria (1,7º C) e o corpo ainda se encontrava em ótimas condições. Não é possível dizer quantos milhares de cadáveres vivem no Lago Tahoe.
Água doce e água salgada provocam afogamentos diferentes
A maioria das pessoas acha que nadar no mar é bem mais perigoso do que nadar em um lago, tudo por causa das ondas e maré que levam o banhista para longe. Mas engana-se redondamente quem pensa dessa forma. 90% dos casos de afogamento ocorrem dentro da água doce. Não acredita? A gente explica.
A água doce é bem mais parecida com a composição do nosso sangue do que a água salgada. Quando inalada para os pulmões, ela passa para a corrente sanguínea imediatamente e dilui o sangue, levando à insuficiência do órgão. Tudo isso pode demorar não mais do que 3 minutos para acontecer e levar a vítima à morte.
As águas do oceano levam muito mais sal do que o nosso sangue. Quando a água salgada é inalada, o corpo regula-se para não levar a água para dentro dos pulmões, tornando o sangue mais espesso. Todo o processo leva em torno de 10 minutos, permitindo uma chance muito maior de resgate.
Pode parecer loucura, mas afogamentos atrasados realmente acontecem e as crianças são mais suscetíveis a esses acontecimentos. Inclusive os pediatras aconselham: se a criança apresentar dificuldade de respiração, cansaço ou comportamento estranho após a natação, os pais devem procurar atendimento médico imediato.
Em 2008, Johnny Jackson, uma criança autista de apenas 10 anos, nadava em uma piscina com sua mãe que o olhava atentamente. Mesmo usando boias, Johnny se afogou e engoliu uma certa quantidade de água. Ele cuspiu, tossiu e conseguiu voltar ao normal, sem apresentar qualquer dificuldade para respirar.
Quando voltou para casa, a mãe deu-lhe um banho e colocou-o para dormir. Minutos depois, Johnny espumava pela boca e seus lábios estavam azuis. Ele morreu de parada cardíaca a caminho do hospital e os médicos disseram que aconteceu uma condição rara conhecida como “afogamento atrasado”.
O Mar Morto
Muito popular entre os turistas que visitam Israel e Jordânia, o Mar Morto recebe esse nome porque a sua salinidade deixa suas águas desprovidas de vida. Sua água é muito salgada e muito densa, impossibilitando que o corpo humano afunde. A pessoa pode virar o rosto para dentro da água e, então, acontecer o afogamento. Porém, um acidente de forma convencional é muito difícil de acontecer.
Apesar disso, a água é muito tóxica por causa do sal e dos minerais. Ela rompe com o equilíbrio dos eletrólitos, ocasionando queimaduras internas graves e pneumonia química. Existem casos mais graves em que a vítima precisa de diálise para o resto da vida.
Pena de morte
Durante milênios, o afogamento foi muito utilizado como pena de morte e, acredite, era considerada uma forma “gentil” de execução, destinada exclusivamente para as mulheres e para os homens que tinham algum tipo de privilégio. A guilhotina poderia ser eficiente, mas o afogamento permitia que se executasse várias pessoas ao mesmo tempo.
Durante a Inquisição, em Salem, eles jogavam a mulher suspeita ao mar e, se ela voltasse à superfície, era acusada de magia negra e era submetida à justiça letal. Também durante a Revolução Francesa, o afogamento permitia a execução em massa. A prática foi proibida no século 17 por diversos países.
Afogamentos são muito diferentes na vida real
Diferente do que acontece na televisão e no cinema, a vítima de afogamento não fica se mexendo, agarrando-se desesperadamente aos últimos vestígios de vida. Quando as pessoas encontram-se em um afogamento, elas entram em um estado de conservação chamado “Resposta Instintiva de Afogamento”.
A pessoa não chuta com os pés, os braços são mantidos lateralmente contra o corpo, a boca fica no nível da água, a cabeça jogada para trás e ela não consegue responder a nenhum estímulo. Recomenda-se manter um olhar atento sobre os nadadores, porque em um afogamento é impossível aguentar muito tempo e existem poucos segundos antes de submergir.
Reflexo de mergulho dos mamíferos
Pode não parecer, mas os seres humanos possuem uma adaptação natural para ficarem submersos por um longo tempo. Isso é chamado de reflexo de mergulho dos mamíferos e acontece quando o rosto de uma pessoa toca a água. Uma série de respostas fisiológicas involuntárias começam a aparecer, projetadas para manter o corpo vivo.
Os poros da pele se contraem, a via aérea se fecha e a frequência cardíaca diminui. O sangue é enviado para os órgãos vitais com o intuito de mantê-los oxigenados. Isso faz com que o corpo entre em um estado de proteção, tal como uma hibernação. As crianças tendem a ter esse reflexo com mais frequência.
Animais que afogam outros
Muitas vezes, aqueles animais que achamos bonitinhos e fofinhos podem esconder um segredo: são ótimos em defender-se afogando outros animais quando são ameaçados. É o caso do guaxinim, que costuma entrar para a água quando é ameaçado. Se o animal entrar atrás dele, ele enterra a cabeça do adversário na água até matá-lo afogado.
O mesmo acontece com os cangurus, na Austrália. Eles usam a mesma tática para defender-se. Já as lontras se reproduzem furiosamente na água, e a fêmea, ocasionalmente, morre afogada. Os machos também atacam focas jovens e macacos, como aconteceu no Zoológico do Bronx.
Minorias se afogam com mais frequência
Os acidentes não costumam escolher sexo, idade, religião ou qualquer outra coisa. Porém, os dados demográficos mostram que existem certos tipos de diferenças. Por exemplo, nos Estados Unidos, 80% das vítimas são do sexo masculino. Tudo isso porque os homens são mais propensos a se envolver em comportamentos de risco em torno da água.
De acordo com o CDC, as crianças afro-americanas entre 5 e 14 anos morrem, vítimas de afogamento, quase três vezes mais do que os brancos da mesma idade. Tudo isso porque elas vivem em locais onde é bem mais difícil encontrar piscinas e lugares onde elas possam aprender a nadar.
Ironia
Em 1985, a cidade de New Orleans, na Louisiana, organizou uma festa para comemorar um verão no qual ninguém havia se afogado nas diversas piscinas da cidade. Compareceram cerca de 200 pessoas no evento, e a maioria era composta por salva-vidas certificados e pessoas que sabiam nadar muito bem.
Foi quando Jerome Moody, de 31 anos de idade, começou a se afogar. Seu corpo foi encontrado no fundo da piscina depois que os convidados saíram todos da água. Não adiantou tentar a reanimação e a autópsia confirmou a morte por afogamento. Essa surpreendente ironia traumatizou e entristeceu profundamente os salva-vidas da cidade.