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Conheça algumas situações que já desencadearam surtos e outros problemas psicológicos em alguns indivíduos
Todos nós temos alguns momentos de desequilíbrio emocional de vez em quando. Seja devido a algum fato triste, o stress do dia-a-dia, um trânsito pesado, uma briga familiar, problemas financeiros ou mesmo por ansiedade de uma prova. De fato, em alguns momentos podemos perder a cabeça e se entregar ao nervosismo. Mas, quando isso acontece, o melhor é respirar fundo e manter a calma.
No entanto, existem situações que podem desencadear esses sentimentos com muito mais intensidade em algumas pessoas. Mas nem todas essas situações são aquelas mais esperadas para umas pessoas entrarem em surto, como a morte de um parente querido ou a perda de sua moradia por algum desastre natural.
Em alguns casos, existem indivíduos que enlouquecem de forma inesperada por algum acontecimento que serve de gatilho para um grande surto. Raiva, insônia grave, alucinações, depressão profunda e outras condições fazem parte desses quadros. Confira abaixo algumas maneiras inesperadas pelas quais algumas pessoas enlouqueceram (e continuam a enlouquecer):
1 – Tendo um filho
Aquele que era para ser o momento mais feliz da vida de Clare Dolman se tornou um verdadeiro pesadelo. Ela tinha acabado de dar à luz a uma menina chamada Ettie, mas não conseguiu curtir os primeiros momentos da pequena. Segundo Clare Dolman escreveu em um artigo da BBC, "a exaltação logo se transformou em uma forma de mania".
Sabemos que a privação do sono da mãe é comum nos primeiros dias de vida de um bebê, mas de acordo com a sua entrevista, nas poucas horas que tinha de sono, Clare não dormia. Ela estava irritada, mas tinha uma energia incomum, o que fazia com que ela não conseguisse parar de falar e tinha variações de humor.
Logo Dolman ficou fora de controle e a caminho de um hospital psiquiátrico. Ela foi diagnosticada com psicose pós-parto, uma doença rara que não deve ser confundida com a depressão pós-parto ou ansiedade. A psicose pós-parto ocorre de 1 a 2 vezes em cada mil partos.
O motivo pelo qual as novas mães sofrem com a doença ainda não é claro. Genética, níveis hormonais e padrões de sono perturbados podem ser alguns agentes causadores. Os sintomas da condição incluem delírios, alucinações, hiperatividade, paranoia e dificuldade de comunicação.
Hoje, Clare está curada após um longo tratamento e auxilia outras mulheres com a doença em um grupo de apoio. Entre as participantes, está Tracy, que relata uma fase mais assustadora da condição: "Eu pensei que tinha dado à luz ao anticristo e eu acreditava que meu filho tinha pequenos demônios que viviam dentro de seu estômago, que saíam à noite para dançar no chão da minha cozinha”.
Sinistro! Mas o distúrbio é grave e deve ser tratado o quanto antes, pois há registros de mulheres que tentam o suicídio ou mesmo matam os bebês durante os surtos psicóticos.
2 – Passando por um trauma
Em 1999, Julia Ferganchick estava a bordo do voo 1420 da American Airlines, quando a aeronave caiu perto de Little Rock, Arkansas. Ferganchick sobreviveu, saiu do emaranhado de metal retorcido e fogo, saltou para o chão e começou a ajudar os outros feridos.
Embora ela tenha sobrevivido, Julia afirmou que mentalmente nem saiu do avião. A mulher entrou em depressão, não conseguia focar em nada, estava incapaz de manter um relacionamento, discutia com a família, vivia agitada até que, um dia, tomou um frasco de tranquilizantes e teve que ser levada às pressas para a emergência.
Ela foi diagnosticada com stress pós-traumático severo. De acordo com a entrevista concedida à NBC News, Julia afirmou que tomou a dose grande de remédios, mas não queria morrer: “eu só queria que parasse de doer por dentro. Eu não via outra maneira de escapar do pânico e medo constante”, disse ela.
Acidentes de avião, de carro, desastres naturais, guerras, agressões físicas ou sexuais, e outros traumas podem fazer as pessoas sentirem que estão perdendo o controle de suas mentes. Isso porque muitas vezes elas têm flashbacks do evento ou pesadelos sobre eles, o que pode ainda causar insônia grave.
3 – Se apaixonando
O que o amor tem a ver com a loucura? Para muita gente, tem tudo a ver mesmo. A antropóloga Helen Fisher levantou a questão quando ela analisou 32 pessoas (que estavam loucamente apaixonadas) com ressonância magnética. Quinze dessas pessoas estavam morrendo de paixão, mas tinham sido abandonadas pelos parceiros. Os outros participantes tinham o amor correspondido.
Durante o teste, cada pessoa olhou para uma foto de seu amado (a). Eles também analisaram uma foto neutra. Ao comparar os resultados, Fisher descobriu que a parte mais ativa do cérebro era a mesma região que se sente a adrenalina e a euforia da cocaína.
A antropóloga descobriu que quando uma pessoa se apaixona, ele ou ela torna-se extremamente e sexualmente possessivo. Ela diz que isso tem as suas raízes na evolução. Em outras palavras, é a maneira da natureza de preservar a espécie, mesmo que isso leve a um comportamento obsessivo que acontece com muitas pessoas.
4 – Visitando Paris
Cerca de vinte turistas japoneses estavam visitando (nem todos estava viajando juntos) Paris no verão de 2011, quando algo estranho começou a acontecer. Elas visitaram alguns pontos turísticos, museus, visitaram lojas e tiraram muitas fotografias. No entanto, um por um, os turistas começaram a ter surtos psicóticos provocados pela grosseria dos franceses.
É sério isso! Os turistas sofriam de uma condição que altera a mente chamada síndrome de Paris. Apesar de ser uma cidade extremamente romântica, cheia de cultura, casa de famosos escritores e artistas, belíssima e encantadora, Paris também é o lar de taxistas, garçons rudes e intolerantes, além de algumas ruas perigosas. Nada além do que uma cidade como muitas outras, mas que os turistas não esperam ver.
É claro que não dá para generalizar, pois a maioria das pessoas que visitam a capital francesa tem uma experiência maravilhosa e sempre querem voltar. Porém, quando isso não acontece, às vezes, essa desconexão entre a fantasia e a realidade é muito para os visitantes.
A síndrome tem sido bem documentada e os especialistas dizem que os turistas japoneses (que vêm de uma sociedade muito disciplinada) são muito mais suscetíveis a ela. A síndrome se manifesta de forma diferente em cada pessoa. Algumas têm delírios e alucinações. Outras ainda são acometidas com tonturas e sentimentos de perseguição.
5 – Visitando Jerusalém
Ao contrário de síndrome de Paris, que é provocada pela grosseria, a síndrome de Jerusalém envolve os visitantes pela importância histórica, política e religiosa da cidade santa. Cristãos, muçulmanos e judeus peregrinos vão a Jerusalém a cada ano para estar mais perto de sua fé.
Para muitos, a viagem pode ser arrebatadora e, dependendo da religião ou afinidade espiritual, pode se incluir visitas aos locais sagrados do Muro das Lamentações, A Cúpula da Rocha ou a Igreja do Santo Sepulcro, entre outros.
Alguns visitantes se tornam delirantes, pensando que são o Messias ou que a sua presença vai evocar a ressurreição de Cristo. Outros se vestem com roupas como se estivessem vivendo em tempos bíblicos. Em média, cerca de cem turistas são acometidos com a condição de cada ano, com quase metade tendo a necessidade de internação hospitalar.
Curiosamente, nem todos os indivíduos afetados têm um histórico de doença mental. Às vezes as pessoas se tornam tão delirantes que ficam violentas, pregando uma "verdadeira religião" e atacando aos outros que, para eles, são percebidos como pagãos e bárbaros.
6 – Sendo adolescente
A adolescência é uma fase complicada para quem passa por ela e também pelos pais que têm que lidar com as agruras dos teenagers enlouquecidos, malcriados e revoltados. Estudos sugerem que o cérebro adolescente passa por uma série de mudanças biológicas e químicas, quando as crianças entram na puberdade.
Estas mudanças, não hormonais, podem explicar por que um normalmente um bem-comportado garotinho de 10 anos de idade, gradualmente se transforma em um adolescente imprudente, temperamental e idiota. Os cientistas apelidaram essas mudanças de "exuberância".
Segundo os especialistas, a tal exuberância ocorre porque os cérebros adolescentes superproduzem neurônios, especialmente nos lobos frontais, a região do cérebro onde acontecem o raciocínio, o controle de impulsos e outras atividades. Os cientistas dizem que esta parte do cérebro é a última a amadurecer e só se desenvolve totalmente no início da idade adulta.
Tomografias revelam que o cérebro das crianças de 10 a 13 anos passa por um surto de crescimento rápido, que é rapidamente seguido por uma "poda" de neurônios e a organização de vias neurais. Especialistas dizem que este é o momento mais turbulento para o desenvolvimento cerebral desde que a criança nasce.
Imagens: Mega Curioso