foto: flickr
Todos nós temos dentro dos nossos narizes cerca de 350 tipos diferentes de receptores olfativos, que servem para detectar odores e começar o envio de mensagens que o cérebro interpreta para formar nosso sentido de olfato. No entanto, o nariz não é o único lugar do corpo onde esse tipo de “detector” por ser encontrado.
Células de outros tecidos no corpo usam esses receptores para reagir a certos compostos químicos. Nos espermatozoides, por exemplo, a ativação desses detectores influencia a direção e velocidade de sua natação, enquanto no cólon ela induz a liberação de serotonina, um processo que faz parte do sistema nervoso entérico – também apelidado como nosso “segundo cérebro”.
Agora, pesquisadores da Ruhr-Universität Bochum, na Alemanha, descobriram que células da pele podem usar esses elementos “odoríficos” para acelerar a regeneração de feridas. No estudo, os cientistas revelaram que os receptores olfativos podem ser encontrados nos queratinócitos (células da camada mais externa da pele) e que, quando ativados, eles aumentam a taxa de proliferação e migração desse tecido.
Efeito Wolverine
Os estudiosos também descobriram que as células da pele possuem um receptor chamado OR2AT4 que responde ao cheiro de sândalo, um aroma frequentemente utilizado em incensos e perfumes. Eles então notaram que o mesmo acontecia com uma essência artificial do material e passaram a fazer experimentos.
Usando amostras que incluíam culturas de células queratinócitas e pele humana, eles notaram que a ativação do OR2AT4 gerou um sinal que levaria a maior concentração de cálcio nas células. Isso, por sua vez, levou ao aumento na de proliferação e migração dos queratinócitos, processo que costuma facilitar a cicatrização de feridas. Experimentos de arranhões em tecidos de pele humana isolados confirmaram o efeito de cura.
Além do OR2AT4, os pesquisadores também encontraram outros receptores olfativos nos melanócitos (produtores de melanina encontrados na camada do fundo da pele) e nos fibroblastos, que também possuem um papel crucial no processo de regeneração. A função desses “detectores” será estudada em experimentos futuros.
Caminho do futuro
Os resultados atuais mostram que os receptores olfativos na pele humana apresentam benefícios terapêuticos em potencial, de forma que entender seu funcionamento pode ser um ponto de partida para o desenvolvimento de novos medicamentos, tratamentos médicos e até cosméticos. O sândalo, por exemplo, poderia ser usado como uma pomada tópica com efeitos antienvelhecimento e aceleradores de regeneração de feridas.
No entanto, vale ressaltar que fragrâncias concentradas devem ser manuseadas com cuidado até que mais estudos sejam feitos para compreendermos as funções dos demais receptores olfativos nas células da pele. Por mais que o sândalo tenha um efeito positivo no OR2AT4, é possível que esse mesmo aroma reaja de forma contrária em outros receptores.
Fonte(s): The Conversation, Mega Curioso
Imagens: The Conversation, Eu Quero Biologia
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Células da pele podem detectar aromas que aceleram a regeneração de feridas
Pesquisadores alemães descobriram que a essência de sândalo pode ser usada para ativar os receptores OR2AT4 na camada superficial da pele para facilitar a cura de ferimentos.